Foi com exatamente 6 semanas que descobri que não iria mais a nenhum lugar sozinha, nem ao banho, nem ao trabalho, nem ao salão. Não foi uma escolha, não foi planejado. Na verdade, nunca nem cogitado ser mãe, antes dos 30 (ou 30 e poucos). Não sem antes ter um salário maior, ter viajado bastante, ter emagrecido, gastado com roupas, restaurantes e o que desse vontade.
Primeiro eu precisava chorar muito para depois entender: por quê? Não achava ser o momento certo, nem a idade, nem dinheiro e nem maturidade suficiente. É responsabilidade a mais, trabalho demais.
Depois eu ouvi o coraçãozinho dela bater na primeira USG, aí já pensei como seria o rostinho, se seria menina ou menino, qual seria o nome e como seria a vida a três.
Depois começou a ansiedade, precisava saber o sexo, queria comprar cada coisinha, as roupinhas, os sapatos… Depois comecei a querer não gastar mais comigo e querer tudo para ela. Na 2º ultra ela estava lá, bem pequenininha, nem dava pra ver nada, mas eu me sentia muito, muito mãe.
A partir daí era só a vontade de tê-la aos braços, a partir daí, começaram os movimentos, os chutes, e um milhão de pesquisas, livros e blogs sobre o que seria, como seria estar grávida e depois mãe. E não tem nada que traduza o que só a gente, mãe, sente. As dores, os enjoos, o abuso, a solidão, a alegria, o apoio, os desejos, as frescuras. Tudo que faz a gente lembrar que não está só, que aí vem nossa miniatura de amor.
Eu não escolhi, ela me escolheu. Em meio aos problemas, as preocupações, não estamos mais sós, temos uma família completa, repleta de amor, muito amor, medo e ansiedade.
Agora faz sentido trabalhar até tarde, faz sentido querer ter uma árvore de natal mais bonita ano que vem, faz sentido aprender mais para ensinar, faz todo sentido do mundo amadurecer, aprender a compreender, ser paciente, cozinhar e ser alguém melhor.
Agora faz sentido cuidar do corpo, da cabeça, da casa. Faz sentido também chorar, chorar bem muito sem motivo, com motivo, por dor, por desconforto, porque depois de ter nossa menina nos braços, talvez eu só saiba o que são lágrimas quando vê-la sorrir, abrir os olhos, começar a andar, aí só choro de alegria, de emoção.
A gravidez ensina que somos frágeis e muito, muito fortes. Ensina que os melhores presentes da vida vêm assim, de surpresa. Ensina também que ser mãe é aprender a ser mulher, a crescer.
Ensina que a maior dádiva de uma mulher é ser mãe, e o meu maior presente, minha família.
Alice, falta pouco mais de um mês pra você chegar, falta pouca coisa pro seu quartinho ficar pronto, falta pouco demais pra vida ficar ainda mais linda, e a gente te dar todo dia mais amor.